quinta-feira, 16 de junho de 2011

Lembrança Boa
(Video da Cia Parati no Sertão)

segunda-feira, 30 de maio de 2011



ORQUÍDEAS DO BRASIL ou O DIA QUE FUI FLOR
(23 3 24 de Outubro de 2010)


Severina tinha uma missão super hiper importante: Levar uma carta de Itamar Assumpção para as Orquídeas do Brasil no Sesc Pompéia antes das 21 horas. Ali no Sesc aconteceria um grande show, que fazia parte da programação do Lançamento da Caixa Preta de Itamar Assumpção. Mas é que onde Itamar mora é longe demais e Severina pegou trem errado, trânsito na marginal e quando chegou no Sesc o show já tinha começado. O jeito foi, descer as escadas buzinando e parar o show para que elas pudessem descobrir o que havia dentro da carta. Ainda bem que Severina sempre anda com buzinas e lupas. E foi graças a isso que o bilhete pode ser lido (principalmente pela lupa)

eu ontem tive a impressão
que Deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos

quem sou eu para falar com Deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus

o mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado
(uau! até o leminski ajudou na carta)

Junto da carta havia também uma Fita K7 que Itamar dizia que tinha que ser ouvido. E aquilo era uma declaração de amor. Ele dizia AGORA É QUE SÃO ELAS! E começou o rock and roll. Severina que já tinha cumprido sua missão - ainda que com atraso - não estava fazendo nada mesmo e ficou por ali mesmo, tocando guitarra ao lado de Georgia Branco e batendo cabeça feliz feliz feliz.


Viva ITAMAR ASSUMPÇÃO!
Viva as ORQUÍDEAS DO BRASIL!


Fotos: Marília Chalegre,
Saldanha Mujica e
Alessandra Fratus
SIM ONE SOU



Simone Sou, percuterista, compositora, iogue, batuqueira de fogão e cozinheira de idéias malucas e percussivas resolveu dar um emprego free lancer de GARI para Severina em seu show de lançamento do cd SIM ONE SOU.
Severina não cabia em si de alegria ao distribuir saquinhos plásticos para a platéia que para a sua própria surpresa (e dos curiosos na porta do teatro) virou música.
Severina varreu pés, varreu chão, varreu palco e ainda de quebra brincou de ser percussionista com sua vassoura percussiva, na última música do show com a companhia de Camila Lordy, Marina Uehara, Clara Bastos, Jadna Zimmermann, Isla Jai, Oleg Fateev, Umanto e Xarlô.

Muchas gracias, Sou! É NÓIS pela caminhada!
Somos!

Fotos de Gislaine Costa






sábado, 9 de abril de 2011

Os ventos do Sul

"Estrada de fazer o sonho acontecer"
(Márcio Borges e Lô Borges)

Havia um plano sendo planejado a meses e semanas e dias e horas e minutos segundos. Já era Dezembro, a temporada do verão-pós-festas-de-fim-de-ano estava muito próxima. E no último instante esse plano planejado de meses e semanas e dias e horas e minutos segundos foram embora no trenó do Papai Noel. Mas Papai Noel também deixou um presente, inesperado, mas mesmo assim um PRESENTE. Do plano planejado só ficou o desejo.
Zuza ficaria em São Paulo.
Severina iria ao Sul do Brasil, ao lado de Alderita, Gaiato e Macarena. A partida marcada para o dia 02 de Janeiro de 2011 a Lua quase nova o caderno em branco e muitos quilometros pela frente.
Gaiato e Alderita já nos esperavam por lá. Chovia no encontro, mas tinha um Sol em nós.
Caculé foi quem nos abrigou (apelido muito carinho, porque Caculé só come de colher) e tivemos também a companhia de Gislaine (que depois passou a se chamar Xislaaaine) e Francis (que depois passou a se chamar Francis Gênio ou Francis Romero ou Francinaldo ou Francilene).
E entre ensaios, tapas e beijos, no segundo dia de Florianópolis, Alderita e Macarena resolveram torrar no Sol para ficar "morena sensual" e Gaiato e Severina queriam trabalhar. Caculé deu uma sugestão: Lagoa do Peri.
E lá fomos nós, a pé, porque pensavámos que era perto. E depois de 1 hora de caminhada (ficamos muito mais moreno sensual do que Alderita e Macarena) chegamos.
A Lagoa do Peri é um colírio para os olhos do Palhaços e de toda gente.
Muita gente.
Toda gente.
E nós ali, malas nas mãos, coração na ponta do nariz.
E foi lindo! Quase todo mundo parou para nos ouvir e ver.
Na volta pra casa tentando uma carona, conhecemos Paulo, que pagou nosso ônibus como forma de retribuição por sermos assim, da estrada.
Macarena anunciou que iria pegar a estrada de volta, para encontrar seu caminho. Ficamos tristes com uma partida assim, tão-logo. No dia seguinte iriamos, todos juntos, a labuta.
Fomos vestidos pelo pedaço de estrada que nos levava até a Praia de Armação e fizemos nossa brincadeira, entre a igreja e os ônibus que passavam e nos escondia do público timido que tomava sorvete do outro lado da rua tentando não engasgar com nossas trapalhadas. Alderita quis colocar fogo na igreja, Macarena casou. Severina e Gaiato não entendiam nada.
Missão cumprida.



Conhecemos Susana, uruguai maluca, que nos fez dar muitas risadas. Quando Susana partiu, naquele tão próximo fim de semana, deixou com cada pessoa que passou em seu caminho, uma poesia de Garcia Lorca, que ela escolhia na mesmo hora, e arrancava do livro. A poesia que ganhei se chama "Paisaje de la multitud que orina".

"¡Oh gentes! ¡Oh mujercillas! ¡Oh soldados!
Será preciso viajar por los ojos de los idiotas,
campos libres donde silban las mansas cobras deslumbradas,
paisajes llenos de sepulcros que producen fresquísimas manzanas,
para que venga la luz desmedida"


Ganhamos de presente da vida uma batucada do Uruguai chamada Camdombe no alto das Campanas, uma pedra alta entre céu e mar, Armação e Matadeiro. Que presente!
Macarena seguiu. Nós ficamos.
Cai doente. Três dias de dores e febre. Fui ao médico no terceiro dia e descobri que era sinusite... Escapei da injeção! Ufa! A médica receitou um remédio e sarei 5 minutos depois.



E foi aí que tudo começou. Já era quase noite, Xislaine, Francis e Mari-Alderita ftinham ido bater perna na Lagoa da Conceição. Caculé, Honey-Gaiato e eu Caroline-Severina fomos para Armação, pra que eu pudesse conhecer uns Argetinos que tocavam na rua. Então vi. Então senti. Eu já sabia sem nem saber que ali eu me encontrava e me perdia.
Domingo de Sol o destino foi a Lagoa do Peri, nesse dia teriamos a participação Xislaine do bigode fotografando tudo e todos e de Francis, gênio desenhista, que desenharia os sonhos das crianças enquanto nós Palhaços nos enrolavámos em nós mesmos, tropeçavámos em nossos próprios pés e tentavámos a todo custo fazer sentido (sem sucesso, é claro!) Essa roda, sem dúvida alguma, foi nosso momento mais bonito. Encontro mágico e maluco. Alegria sem fim.Fomos para Armação, resolvemos trabalhar no intervalo do show do El Método. Fizemos uma roda menor, bem menor, porque nos sentimos estranhos, alguma coisa estava fora do lugar. Depois descobrimos, a grande maioria da platéia era da Argetina e não entendia o que a gente falava. Mas mesmo achando que tudo estava estranho, muitas pessoas vieram conversar conosco, e nossos corações ficaram em paz.


Praça XV

Durante a semana, pela manhã, ainda que a madrugada fosse longa, nosso destino era a Praça XV. Se São Pedro ajudasse, é claro. Tem sombra quase na Praça toda e artistas espalhados em todo o seu redor. Chegamos a passar dias inteiros por ali, almoçando pão com queijo e encontrando outros artistas e claro, trabalhando muito. Conhecemos Andrei, que durante um dia todo foi nosso assistente e sempre auxiliava Alderita na missão de tirar e colocar a caixa. Na Praça XV também, Alderita e Severina fizeram uma apresentação com participação especial de Dani Ivan (um amigo da Alderita de São Paulo que nos encontrou na Lagoa da Conceição). E aproveitaram suas pernas fortes para caminhar até o calçadão e enfrentar o sol que não nos polpou. Lá fizemos nossa estréia de banda cover do El Método (em breve, fotos) e conhecemos um trio chamado El Tremedal. Três Argetinos que tocam música do Folclore de lá. Carinho no coração (em breve, vídeo).

Lagoa da Conceição
Nossa primeira e única roda na Lagoa da Conceição veio nos ensinar muitas coisas sobre a insegurança. Quando chegamos o Sol estava a pino, e, diferente da Lagoa do Peri, as pessoas ficavam espalhadas por toda a beira da Lagoa (que é muito grande). Procuramos um lugar onde houvessem mais pessoas. E ali no sentamos e não falavámos nada. Era possível reconhecer o medo em cada um de nós. Até que depois de tempos que não contamos no relógio, resolvemos arriscar. Gaiato montou na sua perna de pau. Alderita e Severina arrumaram as coisas e começamos. De repente, estava cheio, as pessoas sentadas nas suas cangas, sorrindo com amor. Essa platéia foi a mais gostosa que tivemos... Tinha doçura no olhar de cada pessoa ali.
Depois desse dia, todas as nossas tentativas de fazer mais apresentações na Lagoa da Conceição foram por água a baixo, muita muita muita água. São Pedro passou a chorar com mais frequência.

Lagoa do Peri

Lá foi nossa casa mais querida. Lagoa verde, céu azul, gente brincando a vida. Severino sorveteiro era o dono da casa. A gente chegava e ele gritava "HOJE TEM PALHAÇADA?" Sempre tinha uma charada, que nós nunca adivinhávamos. Conhecemos Caroline que não sabia que palhaço ia no dentista. Yan nos ensinou a fazer parada de mão dentro da água e Marina nos ensinou como não chorar quando for tomar injeção: É só pensar em muito sorvete.




Quando nossa travessia por Florianópolis chegava ao fim, São Pedro ficou triste e choveu por 3 dias, era tanta água despencando do céu que quando fomos nos despedir da Lagoa, ela tinha transbordado, nos apresentamos numa ilha e partimos deixando um pedaço nosso ali e um desejo sem fim de voltar.






Tudo e Todo

Florianópolis agora está a muitos km de nós e mesmo assim continua aqui. Envelhecemos anos, voltamos a ser crianças, fizemos coisas de adolescentes. Hoje, somos a soma de tudo isso, hoje nós somos isso. Houve amor e desalento, houve fome e embriaguez, houve encontro e mais encontro. E aqui, continua latente, o desejo de poder voltar e escrever outra história. E ter outra história pra contar!




(LEMBRANÇA BOA: Dona Olímpia, negão (cachorro da dona Olimpia), neta yogue da dona Olimpia, Lyn Vida Loca, Juan maluco, Caculé, Cachorros da Armação, Balada Eterna, Naca, Eugênio, El Método, pessoal do cambombe, Bike do Caculé, Elvis dono da Lan House, dono do bar do Elvis e é claro, a CATUABA!)

Fotos de Gislaine Costa