"Estrada de fazer o sonho acontecer"
(Márcio Borges e Lô Borges)
(Márcio Borges e Lô Borges)
Havia um plano sendo planejado a meses e semanas e dias e horas e minutos segundos. Já era Dezembro, a temporada do verão-pós-festas-de-fim-de-ano estava muito próxima. E no último instante esse plano planejado de meses e semanas e dias e horas e minutos segundos foram embora no trenó do Papai Noel. Mas Papai Noel também deixou um presente, inesperado, mas mesmo assim um PRESENTE. Do plano planejado só ficou o desejo.
Zuza ficaria em São Paulo.
Severina iria ao Sul do Brasil, ao lado de Alderita, Gaiato e Macarena. A partida marcada para o dia 02 de Janeiro de 2011 a Lua quase nova o caderno em branco e muitos quilometros pela frente.
Gaiato e Alderita já nos esperavam por lá. Chovia no encontro, mas tinha um Sol em nós.
Caculé foi quem nos abrigou (apelido muito carinho, porque Caculé só come de colher) e tivemos também a companhia de Gislaine (que depois passou a se chamar Xislaaaine) e Francis (que depois passou a se chamar Francis Gênio ou Francis Romero ou Francinaldo ou Francilene).

E lá fomos nós, a pé, porque pensavámos que era perto. E depois de 1 hora de caminhada (ficamos muito mais moreno sensual do que Alderita e Macarena) chegamos.
A Lagoa do Peri é um colírio para os olhos do Palhaços e de toda gente.
Muita gente.
Toda gente.
E nós ali, malas nas mãos, coração na ponta do nariz.
E foi lindo! Quase todo mundo parou para nos ouvir e ver.
Na volta pra casa tentando uma carona, conhecemos Paulo, que pagou nosso ônibus como forma de retribuição por sermos assim, da estrada.
Macarena anunciou que iria pegar a estrada de volta, para encontrar seu caminho. Ficamos tristes com uma partida assim, tão-logo. No dia seguinte iriamos, todos juntos, a labuta.
Fomos vestidos pelo pedaço de estrada que nos levava até a Praia de Armação e fizemos nossa brincadeira, entre a igreja e os ônibus que passavam e nos escondia do público timido que tomava sorvete do outro lado da rua tentando não engasgar com nossas trapalhadas. Alderita quis colocar fogo na igreja, Macarena casou. Severina e Gaiato não entendiam nada.
Missão cumprida.
Conhecemos Susana, uruguai maluca, que nos fez dar muitas risadas. Quando Susana partiu, naquele tão próximo fim de semana, deixou com cada pessoa que passou em seu caminho, uma poesia de Garcia Lorca, que ela escolhia na mesmo hora, e arrancava do livro. A poesia que ganhei se chama "Paisaje de la multitud que orina".
"¡Oh gentes! ¡Oh mujercillas! ¡Oh soldados!
Será preciso viajar por los ojos de los idiotas,
campos libres donde silban las mansas cobras deslumbradas,
paisajes llenos de sepulcros que producen fresquísimas manzanas,
para que venga la luz desmedida"
Será preciso viajar por los ojos de los idiotas,
campos libres donde silban las mansas cobras deslumbradas,
paisajes llenos de sepulcros que producen fresquísimas manzanas,
para que venga la luz desmedida"
Ganhamos de presente da vida uma batucada do Uruguai chamada Camdombe no alto das Campanas, uma pedra alta entre céu e mar, Armação e Matadeiro. Que presente!
Macarena seguiu. Nós ficamos.

Cai doente. Três dias de dores e febre. Fui ao médico no terceiro dia e descobri que era sinusite... Escapei da injeção! Ufa! A médica receitou um remédio e sarei 5 minutos depois.

Domingo de Sol o destino foi a Lagoa do Peri, nesse dia teriamos a participação Xislaine do bigode fotografando tudo e todos e de Francis, gênio desenhista, que desenharia os sonhos das crianças enquanto nós Palhaços nos enrolavámos em nós mesmos, tropeçavámos em nossos próprios pés e tentavámos a todo custo fazer sentido (sem sucesso, é claro!) Essa roda, sem dúvida alguma, foi nosso momento mais bonito. Encontro mágico e maluco. Alegria sem fim.
Praça XV
Durante a semana, pela manhã, ainda que a madrugada fosse longa, nosso destino era a Praça XV. Se São Pedro ajudasse, é claro. Tem sombra quase na Praça toda e artistas espalhados em todo o seu redor. Chegamos a passar dias inteiros por ali, almoçando pão com queijo e encontrando

Lagoa da Conceição
Nossa primeira e única roda na Lagoa da Conceição veio nos ensinar muitas coisas sobre a


Depois desse dia, todas as nossas tentativas de fazer mais apresentações na Lagoa da Conceição foram por água a baixo, muita muita muita água. São Pedro passou a chorar com mais frequência.
Lagoa do Peri


Quando nossa travessia por Florianópolis chegava ao fim, São Pedro ficou triste e choveu por 3 dias, era tanta água despencando do céu que quando fomos nos despedir da Lagoa, ela tinha transbordado, nos apresentamos numa ilha e partimos deixando um pedaço nosso ali e um desejo sem fim de voltar.

Tudo e Todo
Florianópolis agora está a muitos km de nós e mesmo assim continua aqui. Envelhecemos anos, voltamos a ser crianças, fizemos coisas de adolescentes. Hoje, somos a soma de tudo isso, hoje nós somos isso. Houve amor e desalento, houve fome e embriaguez, houve encontro e mais encontro. E aqui, continua latente, o desejo de poder voltar e escrever outra história. E ter outra história pra contar!

(LEMBRANÇA BOA: Dona Olímpia, negão (cachorro da dona Olimpia), neta yogue da dona Olimpia, Lyn Vida Loca, Juan maluco, Caculé, Cachorros da Armação, Balada Eterna, Naca, Eugênio, El Método, pessoal do cambombe, Bike do Caculé, Elvis dono da Lan House, dono do bar do Elvis e é claro, a CATUABA!)
Fotos de Gislaine Costa
que lindo relato!!!! é isso, gente! a vida, a estrada, a poesia, o amor... não precisamos de muito mais que isso.
ResponderExcluirsim, uma cerveja gelada faz bem, mas trocamos por conhaques e catuabas numa boa!
é nóis! las lobas vida loca!